sexta-feira, 17 de junho de 2011

Juliana Cabral - Medalhista de Prata pela Seleção Feminina em 2004 e Apresentadora do "Belas na Rede"

Hoje o Rainhas do Pitacos, tem como entrevistada Juliana Cabral ex-jogadora da Seleção Feminina, ela nós contou sobre os momentos bons e ruins nesses anos de esporte, como foi para de fazer o que mais gosta e a vida depois do futebol, agora como apresentadora do "Belas nas Rede". 


P.Femininos: Boa Tarde Julliana, vamos começar!    
Juliana Cabral: Boa tarde, Tentarei ser breve.

P.Femininos: Como começou sua história no futebol feminino? Dificuldades e superações.

Juliana Cabral:
Comecei a jogar muito pequena, meu irmão é dois anos mais velho que eu e sempre jogavamos juntos. Nesse início o maior obstáculo era  minha mãe, pois ela não gostava que os meninos vinham me chamar para jogar e começou a me impedir de jogar. A minha sorte era que meu pai adorava e meu irmão sempre me ajudava nas desculpas para não apanhar, assim que chegava em casa toda suada. Após um tempo minha mãe viu que não tinha jeito e me levou para fazer um teste em uma equipe de futsal, onde eu consegui passar e comecei a jogar pela Pro Sport. Acho que a aceitação da minha mãe foi a maior dificuldade no início da carreira, existiam aqueles preconceitos normais de que mulher não sabia jogar, tinha que esquentar a barriga no fogão, mas isso aos poucos foi sendo quebrado. Depois acabei perdendo minha mãe muito cedo e meu pai me incentivou no seguimento da carreira, o futebol foi minha motivação e refúgio da dor que senti. Com isso fui morar no interior em busca do sonho de qualquer atleta, chegar na seleção e poder fazer história. As maiores dificuldades dentro da modalidade sempre foram as incertezas de continuação de equipes por onde passei, falta de incentivo, falta de patrocinadores, muitas vezes condições precárias de trabalho, mas o amor e o sonho dentro do futebol sempre me fizeram seguir sonhando e acreditando em mudanças positivas. Uma das maiores superações foi a recuperação de uma lesão de LCA no joelho, isso porque no dia seguinte da lesão fiquei sabendo que havia sido chamada, para fazer parte do grupo que disputaria os jogos Pan Americanos do Rio de Janeiro. Seria a oportunidade de voltar a seleção, ausente desde 2004, e realizar um sonho pessoal e do meu pai de levar ele ao estádio para me ver jogar com a amarelinha. Isso porque todos as competições importantes da seleção naquela época eram fora do país. Foi um momento difícil, de muitas incertezas e que superei com a ajuda da minha família e do fisioterapeuta Marcelo Massaia, que esteve presente todos os dias. 



P. Femininos: Qual seu time do Coração?
Juliana Cabral: Corinthians

P. Femininos: Um titulo ou momento marcante na sua carreira?
Juliana Cabral: Sem dúvida nenhuma a conquista da medalha de Prata em Atenas.

P.Femininos: Como foi fazer parte                                           
do grupo que conquistou  a medalha de prata nos               
jogos de Atenas, feito inédito para o esporte?


Juliana Cabral: Foi gratificante, o grupo era excelente e
 a comissão técnica extremamente profissional. Foram meses 
de entrega, de muito trabalho, muita balança para controle do peso
 (nunca mais subi na balança kkk) e de muita alegria no final de tudo.        

P.Femininos: As pessoas reconhecem ainda esse feito?
Juliana Cabral: Sim, claro que a tendência é sempre se lembrar dos últimos feitos por estarem mais vivos na memória das pessoas, mas foi o primeiro e sempre será lembrado. Acho que foi um divisor de águas no futebol feminino, devido ao trabalho do Rene Simões e sua comissão.

P. Femininos: Vocês chegaram muito perto do ouro na Olimpíadas em Athenas, Em que o Brasil evoluiu nesses anos depois daquele 'quase'?
Juliana Cabral: Acho que o principal é a quantidade de meninas da seleção que jogam no exterior, apesar desse ano ter diminuído bastante. Dentro do país ainda estamos dando passos curtos e demorados no desenvolvimento da modalidade. 

P.Femininos: O que acha da seleção atual? 
Juliana Cabral: Uma seleção muito jovem com algumas jogadores experientes e que sofre com a falta de preparação para a competição. São poucos Torneios disputados, quase nenhum amistoso com potências do cenário do f.f. e o curto tempo de preparação. Enfrentaremos seleções que estão acostumadas a jogarem entre si, com mais de 50 jogos amistosos talvez sem incluir número de jogos de Torneios e seleções que muitas vezes são permanentes, ou seja, se preparam o ano inteiro. Assim que acaba uma competição já começam a se preparar para outra, não esperam chegar o ano da competição. 

P. Femininos: Qual a melhor jagadora e jogador na atualidade?
Juliana Cabral: Sem dúvida a Marta é a melhor jogadora do mundo, mas sempre disse que a Formiga também é uma das melhores jogadoras do mundo por ser uma jogadora completa. Sabe marcar, tem bom passe, ótima visão de jogo, utiliza as duas pernas e finaliza bem. No masculino o melhor sem dúvida é o Neymar.

P.Femininos: Qual seu idolo no futebol, seja feminino ou masculino.
Juliana Cabral:  No feminino foi a Elaine zagueira durante anos na seleção brasileira, no masculino Gamarra zagueiro Paraguaio e Ronaldo fenômeno.

P. Femininos: O que espera do futebol feminino no Brasil? 
Juliana Cabral:  Melhores condições para as meninas e profissionais que trabalham na área. Calendário de competições, apoio, profissionalização, organização de categorias de base nos clubes, maior envolvimento de federações e confederação...

P. Femininos: Pelo que tem visto. O que pode falar sobre o Paulista Feminino? 
Juliana Cabral: Parece que este ano o apoio de verba da Federação diminuiu ou não existe e isso é ruim. Tecnicamente a cada ano existe uma progressão, mas precisamos de campeonatos mais competitivos. Equipes que tenham quase que o mesmo nível técnico, físico e de estrutura.    

P. Femininos: Muito se fala que você se decepcionou com a desorganização do esporte noBrasil e isso influenciou no fim da carreira. É verdade ou a mais 
motivos para essa decisão? Tem alguma magoa?
Juliana Cabral:  Na verdade são vários motivos 
e alguns deles prefiro não falar. Um dos motivos foi a história do término da equipe do Corinthians em 2009, por já existir uma outra equipe.  
  

P.Femininos: Pelos clubes que passou no Brasil e no exterior. Qual naquele momento tinha uma melhor estrutura?
Juliana Cabral: Tive a oportunidade de jogar nos Eua e na Suécia, aqui no Brasil em grandes clubes como Vasco, Corinthians e Saad pioneiro no futebol feminino, mas sem dúvida o São Paulo FC tem a melhor estrutura. Na época até registro na carteira tivemos, sem contar o suporte médico, alimentação, condições boas de campo, transporte e uniforme.

P.Femininos: Você agora vive outro momento, e  outros projetos. Trabalha como comentarista e apresentadora na RedeTv,  como encara essa nova realidade? 
Juliana Cabral: Fico muito feliz com essa oportunidade que a Redetv esta dando para as mulheres e serei sempre grata. É uma forma de continuar envolvida com o futebol que eu tanto amo.

P. Femininos: Como lidou com o Fim da carreira?                   
ainda dá vontade de voltar?
Juliana Cabral: O fim da carreira foi muito difícil.
Fiquei arrasada, desmotivada, sem querer e saber o que fazer. A minha sorte é que minha família sempre esteve por perto e
amigos que me ajudaram a encontrar outro sentido. 
Desde pequena jogando, sempre soube o que queria ser e quando o sonho acabou...parecia que nada mais teria graça. 
Hoje sou muito feliz, trabalho em uma escola particular aonde 
dou aula de futebol, como comentarista na tv e amo o que faço.
A saudade as vezes bate e quando isso acontece jogo uma pelada 
e já fico muito contente. 

P.Femininos: Nós da Equipe P.F gostaríamos de te agradecer mais uma vez por ter aceito o convite, e queria que deixasse uma mensagem para as garotas que pensam em seguir a carreira. O espaço está aberto se quiser dizer algo além.. 
Juliana Cabral: O meu recado para as meninas que estão começando ou que já estão bem encaminhadas é que nunca deixem de sonhar e correr atrás desses sonhos. Obstáculos sempre aparecem para nos fortalecer, por isso mantenham sempre a chama da esperança acesa e nunca desistam.