quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Ando: "O título mundial mudou tudo"

Desde 2010 que a jogadora de 29 anos está colocando as suas habilidades e gols a serviço do Duisburg e ela se sente muito bem no clube. "Tradicionalmente, joga-se um futebol mais forte na Alemanha", comentou Ando. "O país também proporciona organização, treinamento e formação exemplares para o desenvolvimento das jogadoras. Para quem quiser se desenvolver no esporte, a Alemanha é o lugar ideal."

Ando está tendo muito sucesso em gramados alemães. Logo no seu primeiro ano no Duisburg, ela ajudou a sua equipe a conquistar a Copa da Alemanha e a chegar até as semifinais da Liga das Campeãs da UEFA. Na temporada atual, ela quer mais títulos.
Sede de conquistas
"Ainda estamos disputando todos os torneios, embora muitas de nós não acreditassem nisso no começo da temporada", comentou Ando. "Mas continuamos sabendo qual a nossa qualidade. Agora, ainda podemos ser campeãs do Campeonato Alemão, da Copa da Alemanha ou no mínimo nos classificarmos para a Liga das Campeãs como segundas colocadas. Tenho certeza de que conseguiremos alcançar pelo menos um desses objetivos. E é claro que seria legal se conseguirmos conquistar um título também."
Essas pretensões podem até ser consideradas modestas se pensarmos que Ando conquistou o maior triunfo da sua carreira este ano. Afinal, ela foi campeã da Copa do Mundo Feminina da FIFA 2011 pela seleção japonesa justamente no país em que atua. "O momento em que recebemos as medalhas e o troféu permanecerão sempre inesquecíveis para mim", afirmou a jogadora. "Mas também não me esquecerei da grande vibração e da atmosfera nos estádios. Os espectadores alemães foram ótimos e apoiaram todas as equipes. Veladamente, eu já esperava que conquistaríamos uma medalha, mas o título — não, isso não!"
Depois da conquista do título mundial, pouca coisa mudou para ela no plano pessoal. A maior diferença foi o aumento do interesse da mídia e a grande honra que ela recebeu ao ser convidada para acompanhar o presidente da Alemanha, Christian Wulff, em viagem ao Japão. "Eu provavelmente não teria recebido o convite sem o título mundial", disse Ando. Outra coisa que mudou bastante foi a imagem do selecionado nipônico no seu país natal após o triunfo na Alemanha 2011.
O caráter japonês
"A mudança foi enorme", afirmou Ando. "Antes da Copa do Mundo, o interesse e até o nível de conhecimento no Japão eram muito pequenos. Mas desde a conquista do título tudo mudou. O interesse da mídia aumentou absurdamente, muitas garotas vêm aos jogos ou querem elas próprias começar a jogar. Antes do Mundial, um público de mil espectadores era considerado bom, enquanto hoje não é incomum partidas da liga japonesa diante de mais de dez mil torcedores e às vezes até 20 mil. É uma mudança de proporções gigantescas."
Além disso, também ficou claro que as japonesas têm um grande futuro pela frente depois que elas mostraram um rendimento impressionante no torneio classificatório para o Torneio Olímpico de Futebol Feminino Londres 2012. Na fase final das eliminatórias, disputadas entre os dias 1º e 11 de setembro de 2011 em Jinan, na China, o Japão conquistou quatro vitórias e um empate em cinco partidas. O único tropeço aconteceu contra a China, que só igualou o placar nos acréscimos. E a euforia para disputar as Olimpíadas também é grande.
"Certamente que estou muito ansiosa", comentou ela pensando em Londres 2012. "Qual atleta não tem como objetivo participar dos Jogos Olímpicos? E é óbvio que também queremos ganhar. A pressão e a expectativa no Japão se tornaram enormes depois do título mundial. Faz parte do caráter japonês pensar que é preciso ser sempre o primeiro."
Crescimento da concorrência
Os resultados relativamente magros na fase final das eliminatórias mostram também como está sendo grande o desenvolvimento do futebol feminino na Ásia nos últimos anos e como os outros países do continente estão evoluindo. "O futebol feminino na Ásia recebeu um impulso enorme nos últimos anos", declarou Ando. "Como sabemos, o Japão se tornou campeão mundial e se classificou juntamente com a Coreia do Norte para os Jogos Olímpicos. Esses são os resultados desse desenvolvimento. Também ajuda o fato de o nível do futebol feminino na Austrália ter melhorado muito, o que faz com que a concorrência cresça na nossa região."
No entanto, antes de voltar a defender o seu país em um torneio, Ando terá muitas importantes tarefas pela frente com o Duisburg. E as suas expectativas para o ano de 2012 são muito positivas. "Obviamente, quero permanecer sem contusões e contribuir para que a nossa equipe alcance um dos seus objetivos", comentou Ando, explicando o que espera para o ano que vem. "O Duisburg agora é a minha família e qualquer pessoa quer o bem da sua família. Além disso, sou muito grata pela forma amigável e cordial com que fui recebida aqui. Por isso, gostaria de agradecer a todos os responsáveis do Duisburg e da cidade, o que às vezes é um pouco difícil para eu fazer devido às barreiras linguísticas. Por isso, estou planejando pessoalmente para o ano novo me dedicar mais ao estudo da língua alemã, porque quero continuar a conhecer pessoas e fazer amigos na Alemanha e em Duisburg."