Menos de um ano atrás, Caitlin Foord não passava de mais uma jovem aspirando de longe uma vaga no alto escalão do futebol. Além disso, pouca gente diria que aquela distante promessa viraria uma estrela em um espaço tão curto de tempo. Mas a lateral australiana, que ainda tem três anos de escola pela frente, chegou lá. As três apresentações de encher os olhos na Alemanha 2011 garantiram a ela a primeira edição do prêmio de Melhor Jogadora Jovem Hyundai na Copa do Mundo Feminina da FIFA 2011.
Foord superou algumas das melhores jogadoras do planeta na sua faixa etária, como a meio-campista colombiana Yoreli Rincón, a jovem estrela japonesa Mana Iwabuchi e a referência do ataque nigeriano Ebere Orji. Trata-se de uma conquista impressionante para uma menina de 16 anos que, por incrível que pareça, só não terá a idade máxima permitida para concorrer ao prêmio também no Canadá 2015 por uma questão de meses.
"Foi bem empolgante receber o prêmio e muito bom ser reconhecida", declarou Foord. A jogadora já havia defendido a seleção sub-17 da Austrália no ano passado, mas só fez a sua estreia no campeonato nacional em novembro, quando ainda tinha 15 anos. E apesar de o futebol feminino tradicionalmente abrir mais espaço para a revelação de atletas do que a versão masculina, a evolução da lateral aconteceu em velocidade acima da média. "Um ano atrás, eu achava que poderia sair do banco no Sydney FC, mas nem tinha pensando em Copa do Mundo e não imaginava participar do torneio", admite.
O grande palcoApesar de ser utilizada principalmente no miolo de zaga no Campeonato Australiano, Foord demonstrou capacidade para atuar em várias posições. Enquanto a categoria da jogadora permite dribles em velocidade sem perder o controle da bola, a sua boa noção de jogo e resistência física natural tendem a melhorar ainda mais nos próximos anos. "Ela tem potencial para se tornar o protótipo de um lateral moderno, que é forte na defesa, mas também pensa ofensivamente", elogiou April Heinrichs, integrante do Grupo de Estudos Técnicos na Alemanha 2011.
A promessa já começava a tomar forma um mês antes do Mundial, quando Foord estreou pela equipe de cima da Austrália. Jogando pelo setor direito do ataque, o que comprovou toda a sua versatilidade, a jovem já dava mostras de um futuro glorioso ao balançar as redes com apenas dez minutos de bola rolando no seu primeiro gol pela seleção principal.
A vaga dentro de campo na Copa do Mundo Feminina da FIFA 2011 acabou vindo naturalmente, mas poucos apostavam que Foord teria um papel tão importante no grupo. O técnico da Austrália, Tom Sermanni, que já demonstrava grande confiança nas meninas ao convocar o terceiro plantel de menor média de idade na competição, não teve problemas na hora de colocar a mais nova delas em campo.
Estreando no torneio contra a forte seleção brasileira, vice-campeã na edição de 2007, e disputando apenas a sua terceira partida como titular, Foord ficou cara a cara com ninguém menos que Marta. Mas a jovem acabou dando conta da difícil tarefa, fazendo com que a Jogadora do Ano da FIFA em cinco oportunidades tivesse uma das suas apresentações mais apagadas na Alemanha 2011.
Talvez o fato de não saber muito sobre Marta tenha ajudado na missão. "Eu realmente não sabia no que tinha me metido", confessa Foord com total espontaneidade. "Pouco depois do meu primeiro toque na bola fiquei tranquila e concentrada, já não conseguia ouvir mais nada da torcida. A intensidade da Copa do Mundo foi alta em relação ao que eu estava acostumada; você se desliga rapidamente e tem menos tempo com a bola, mas gostei do desafio", completa.
Sonhos para o futuroA Austrália chegou à segunda classificação seguida para as quartas de final da Copa do Mundo Feminina da FIFA, resultado que colocou o país pela primeira vez entre as dez mais do Ranking Feminino da FIFA/Coca-Cola. Agora o desafio para a jovem equipe de Sermanni será manter o ritmo, começando pelo próximo mês, quando disputa as eliminatórias para o Torneio Olímpico de Futebol Feminino de 2012.
Somente dois países irão representar a Ásia na categoria, o que dificulta ainda mais a vida das australianas, que terão pela frente adversários como Coreia do Norte, China e o campeão mundial Japão, superado pelas "matildas" no torneio classificatório rumo à Alemanha 2011. "Todas as seleções são difíceis de vencer, por isso será bem complicado, mas esperamos poder fazer um bom trabalho e conseguir a passagem para Londres", declara Foord sobre o seu primeiro desafio continental.
Calejado na Copa do Mundo Feminina da FIFA, com três participações, Sermanni avalia o potencial da atleta. "A Caitlin desenvolveu um preparo físico inacreditável", elogia o treinador. "Raramente vejo uma jogadora correr com a mesma intensidade no início e no final da partida. É realmente uma coisa espetacular. E isso que 12 meses atrás, qualquer vento forte a levava junto."
Já sobre o papel que Foord pode desempenhar na nova caminhada, o técnico demonstra confiança. "Não importa em que nível esteja atuando, ela sempre trata cada jogo como outro qualquer", analisa. "Sou cauteloso em relação a jogar a responsabilidade para as mais jovens, mas ela sem dúvida tem todos os ingredientes para se tornar uma jogadora de nível internacional.
Fonte: Fifa.com