Por que amamos o futebol feminino

A International Football Arena (IFA) se reúne há mais de uma década para tratar de importantes questões do esporte mais popular do planeta e trocar informações sobre os tópicos mais atuais.

Em 1999, personalidades de peso de todo o planeta se reuniram pela primeira vez em Zurique. Desde 2007, também foram realizadas reuniões da IFA na Ásia, primeiro com a Conferência IFA Pequim 2007/08, em seguida com a Conferência IFA Kuala Lumpur 2009 e com a Mesa Redonda IFA 2010/11. Nos últimos 12 anos, a IFA reuniu alguns dos rostos mais conhecidos do futebol, tanto como oradores quanto como parte do público.

Mais recentemente, representantes de 28 nações estiveram presentes em Zurique nos dias 7 a 8 de novembro de 2011 para mais uma reunião. A novidade é que neste ano o futebol feminino também esteve em pauta.

A diretora de competições femininas da FIFA, Tatjana Haenni, a jogadora da seleção suíça Lara Dickenmann, o diretor da DFB Wirtschaftsdienste GmbH, Ulrich Wolter, e o presidente do FC Zürich, Ancillo Canepa, falaram sobre as peculiaridades, a beleza e a singularidade do lado mais belo do futebol. O evento foi pautado pelo mote "Por que amamos o futebol feminino (e investimos nele)".

Potencial ainda não utilizado
"Vocês realmente sabem o que é o futebol feminino? Qual imagem vem às suas mentes quando falamos em futebol feminino? Vocês pensam que se trata de uma nova modalidade esportiva? Bem, isso está errado! Desde o final do século XIX e início do século XX que o futebol feminino é jogado." Com essas palavras, Haenni iniciou um discurso em que abordou minuciosamente o desenvolvimento do futebol feminino.

E o crescimento de fato é impressionante se paramos para pensar nas mudanças que aconteceram nos últimos 20 anos, desde a primeira edição da Copa do Mundo Feminina da FIFA, na China 1991, até a Alemanha 2011. Em 1991, 12 países lutaram pelo título no Mundial Feminino, enquanto em 2011 houve 16 seleções. Na Copa do Mundo Feminina da FIFA Canadá 2015, 24 equipes estarão em busca do cobiçado troféu, alçando o futebol feminino a uma nova dimensão. 

Nas eliminatórias para a Copa do Mundo Feminina da FIFA 1991, foram realizadas 110 partidas, enquanto para o Mundial Feminino deste ano foram 355 jogos no torneio classificatório. Além disso, o número de espectadores que acompanharam a final entre EUA e Japão foi de cerca de 63 milhões.

"A Copa do Mundo na Alemanha foi um marco para o futebol feminino, mas o potencial da modalidade ainda está longe de ser alcançado", disse Haenni ao público presente na conferência. "Há desafios culturais, como os diferentes papéis das mulheres na sociedade, aspectos como infraestrutura e recursos financeiros. A FIFA apoia o desenvolvimento do futebol feminino em todo o planeta, e esperamos que muitas pessoas passem a fazer o mesmo." 

A dirigente também enfatizou que o futebol feminino precisa ter estruturas próprias. "O que o futebol feminino precisa com mais urgência é de mais líderes, de mais mulheres no futebol e em posições de comando."

Rapidez e elegânciaRápido, elegante, técnico e dinâmico. Todas essas características podem ser relacionadas ao futebol feminino. E ninguém reúne tão bem esses aspectos quanto a brasileira Marta. A Jogadora do Ano da FIFA dos últimos cinco anos representa com perfeição o estágio em que o futebol feminino se encontra atualmente. Ela é habilidosa, tem uma técnica muito apurada, é rápida e elegante.

"Atualmente, uma esportista é uma personalidade muito forte", comentou a diretora de competições femininas da FIFA. "Percebemos que as jogadoras têm mais respeito entre si e no trato com autoridades e árbitros. Acreditamos que o futebol feminino é jogado de forma muito leal. As jogadoras, pelo menos por enquanto, não se jogam no chão e não exigem cartões amarelos."

"Os motivos pelos quais gosto do futebol feminino são os seguintes: as jogadoras não reclamam, mostram-se agradecidas e não são mimadas", analisou o presidente do Zürich, Ancillo Canepa, expressando amor pelo lado mais belo do esporte mais popular do planeta. "É isso o que observo no Zürich. Elas reconhecem o apoio dado pelo clube, e é possível ver e sentir que elas gostam de jogar bola."

"Nós ajudamos a imagem do clube"
Se pensarmos nas grandes partidas disputadas na Copa do Mundo Feminina da FIFA do meio do ano, duas outras características terão de ser destacadas: a vibração e o entretenimento. "Ao todo, tivemos cerca de 700 mil espectadores nos estádios, muitos dos quais vieram pela primeira vez", comentou Ulrich Wolter, da Federação Alemã de Futebol. "O interessante é que o número de espectadores foi próximo ao dos jogos dos homens. Mas precisamos ser realistas. A Copa do Mundo foi um grande sucesso, mas o número de torcedores nos jogos da liga nacional está crescendo mais vagarosamente."

No entanto, o início foi muito positivo, e o sucesso da Copa do Mundo Feminina da FIFA Alemanha 2011 não deixou dúvidas de que o futebol feminino está realmente evoluindo e sendo fortemente impulsionado tanto nas competições de clubes quanto nas de seleções.

"Acredito que ajudamos a imagem do clube", afirmou Lara Dickenmann, que comemorou vários títulos recentemente pelo Lyon, da França. "Talvez a coisa mais importante que estamos introduzindo não sejam os grandes números, mas sim outros aspectos."

Fonte: Fifa.com