sexta-feira, 13 de maio de 2011

Futebol como fator transformador: A incrível história de Erica, ex-interna da Fundação Casa

A fuga de casa, a entrada nas drogas e o primeiro crime, tudo aos oito anos de idade, aconteceram naturalmente na vida de Erica Teixeira Matias. Não à toa, até os 17 ela foi e voltou nada menos do que sete vezes à Fundação Casa (ex-Febem), por furtos em carros e ônibus.

Mas quando se pensava que não haveria mais salvação, a menina – hoje com 21 anos – decidiu passar a régua na sua ficha criminal. Tudo porque beirava o limite da idade penal e não queria ir parar na prisão como a mãe – ex-traficante morta com tuberculose – ou ficar como o pai, ladrão de cargas desaparecido.
Mas como reintegrar à sociedade alguém que passara os últimos dez anos morando na rua, à mercê das drogas e dos roubos?
Foi aí que entraram em cena o então monitor da Fundação, Fábio Alegretti, e o ex-lateral-direito Zé Maria, ídolo do Corinthians e da Seleção nas décadas de 60 e 70, funcionário da antiga Febem desde 1999.
Eles perceberam o talento da adolescente com a bola no pé e Zé usou sua boa influência na cidade de Botucatu (SP), onde nasceu, para conseguir um teste no Botucatu F.C.
No ano passado, porém, o clube trocou de nome e de cidade, virando o América de São Manuel

Com a palavra: Edson Castro (Técnico do América de São Manuel)

Todo mundo gosta da Erica aqui no clube. É uma pessoa muito boa, de coração bom. Só precisa de oportunidades. Em campo, é uma jogadora de área, matadora. Não é titular da equipe, mas entrou em jogos decisivos no ano passado e estamos contando com ela de novo. Somos tricampeões paulistas e entramos como favoritos neste ano. Acho difícil ela chegar à Seleção Brasileira, por exemplo, pois são atletas de um nível superior. Acho difícil. Mas, se ela trabalhar e acreditar, como já aconteceu muita coisa na vida dela. Pode acontecer.